A importância inicial das Misericórdias
Desde a Rainha Dona Leonor, a primeira a atribuir à Misericórdia um grau de elevado prestigio, até hoje, é indiscutível a utilidade pública do seu trabalho em prol dos mais fracos, pobres e necessitados.
Os elogios partem de todos os quadrantes; Garcia de Resende na sua Miscelânea diz: “Vimos também ordenar/ ha misericórdia sancta/ cousa tanto de louvar/ que nõ sey quem nõ sespanta/ de mais cedo non se achar:/ socorre a encarcerados/ conforta hos justiçados/ a pobres da de comer/ muitos adjuda a soster/ os mortos sam soterados.”
A Irmandade da Misericórdia, fundada como tal, depressa foi apelidada de Santa Casa pelo povo que dela beneficiava, tão valioso e importante era o serviço por ela prestado àqueles que mais precisavam.
Inicialmente as Confrarias da Misericórdia não possuíam bens próprios e viviam apenas de esmolas régias ou dadivas de particulares, só em 19 de Março de 1561, e atendendo ao prestimoso serviço por elas prestado, D. Catarina, viúva de D. João III, e enquanto regente do Reino, autoriza por alvará régio e pela primeira vez, que as confrarias da Misericórdia possuíssem bens de raiz.
A importância das misericórdias deriva também directamente do Compromisso que as rege na vertente das relações sociais e humanas para sanar conflitos e violências conforme diz o Compromisso:” por que he bem que todos vyvam em paz e em amor e caridade como bôos próximos e fyees christãoos pêra que hy non ajaa odios nem mall querenças o dito provedor e oficiaes saberam pella dita cidade omde hy ha os semelhantes ódios e omizyos e demandas e outras cousas semelhantes e yrã todos jumtos com o capellão da dita comfraria e levaram hûua ymajem de muyta devaçam comsyguo com que façam amtre os irmãos e outras pesoas toda a paz e amizades que poderem e teram hûu lyvro em que se asentarã os perdões que hûus aos outros fyzerem pêra que ao depois se nõ posam arrepender do bem que teverem feito”.
Também Miguel Torga escreveu:” Ah! Quem pudera todos os dias/ Olhar o Mundo assim, repovoado. De Fraternidade, Quente dum sol desabrochado Em cada pétala de realidade!”
(Em A Rainha D. Leonor e as Misericórdias Portuguesas de Ferreira da Silva, Editora Rei dos Livros 1998)
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
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