Soitenses Ilustres
O Capitão Tolda
Ao longo da história, o Soito teve homens de valor, que não deixavam por mãos alheias os pergaminhos de que se julgavam dignos e se comportaram como heróis; um deles foi o Capitão Tolda, que tido por alguns como um mito, foi um personagem que deixou marcas no tempo e que engrandeceu o nome do Soito nessa época pós Restauração quando algumas aldeias eram saqueadas e incendiadas e onde tanto sangue correu do lado de cá e de lá da fronteira.
Escreveu o Padre Hipólito Tavares em Memórias Paroquiais do Soito, com data de 29 de Maio de 1758; De esta terra floreceo hum homem por alcunha o Tolda, Capitam de cavalos, andou nas guerras que teve o Senhor Dom Pedro com Espanha, foi homem de grandes forças, fez grandes proezas com as armas, ahinda se conserva nesta freguesia a trombeta da sua Companhia com grande estimaçam.
O Padre Francisco Vaz adjectiva o Capitão Tolda, de Nun’Álvares do Castelo de Alfaiates, tendo em conta, certamente, os seus feitos em defesa daquele Castelo e das gentes da Raia.
De Memorias Paroquiais de Alfaiates, datadas de 2 de Junho, também de 1758 e escritas pelo Reytor António Carvalho Baptista, extraímos o seguinte texto:
“Floreceo no mesmo tempo desta Praça, o valoroso Capitão Tolda, do lugar do Souto, distante desta vila uma légua, temido raio de Marte, cujas obras são dignas de louvor, porque ficou vitorioso de hum choque que teve com o Duque de Luna, a quem tirou o cavalo ricamente ajaezado, com huma cela cuberta de ouro, que se conserva ainda, e trouxera cativo a esta Coroa seo troço de cavalaria que levava não se afastasse da rota.
Premiou-lhe Sua Majestade os serviços com dar Ábito de Christo e com mil reis de tença a sua filha D. Lionor, que casou com Bernardo da Costa Pacheco, dos Costas de Linhares, capitão de cavalos nesta guerra paçada, e D. Lionor morreo muito velha há poucos anos.”
Sabemos que o Duque de Luna, houvera feito antes alguns actos de vandalismo nas nossas terras: uma vez, vendo que as gentes de Aldeia da Ponte, refugiadas numa Torre, se não rendiam, mandou rebentar a dita Torre do que resultou carnificina, outra, teria ainda tentado queimar o Soito pelo que se depreende das palavras; “queria queimar na Guerra da Aclamação o Duque de Luna ao lugar do Souto, distante desta vila uma légua.”
Ainda bem que o Capitão Tolda saiu vencedor, pois talvez fosse aí, que terminou a guerra da Restauração.
Também em História do Bispado e Cidade de Lamego, M. Gonçalves da Costa diz citando o Diccionário Geographico pag 1603 que o “capitão Tolda foi herói de muitas façanhas nas guerras contra Castela, no reinado de D. Pedro. Quase cem anos mais tarde, ainda se guardava com grande estimação a ” fronheta” da sua campanha.”
Porque D. Pedro foi regente desde 1668 a 1683 e Rei até 1706 e ainda porque a paz entre Portugal e Espanha foi assinada em 1668, teria sido já quase no final da Guerra da Restauração que o Capitão levou a cabo os seus heróicos feitos.
Ainda sobre a filha do capitão Tolda, sem querer avançar com hipóteses, não seria ela a famosa Dona Lionor e seu marido B. da Costa, os beneméritos da Santa Casa da Misericórdia do Soito a quem doaram todos os seus bens? Gostaria de aprofundar essa investigação, mas estou condicionado em muitos dos aspectos requeridos para tal empreitada, que haja quem o faça!
A terminar apetece fazer a pergunta; onde estará a celebre cela coberta de ouro que o capitão apreendera em guerra? E a trombeta da sua Companhia?
sábado, 27 de fevereiro de 2010
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